Só dois sons se deixavam escutar, seus passos no chão molhado e seu relógio que acabará de tocar indicando a virada da noite. A rua vazia, algumas luzes de casas estavam ligadas, as luzes da rua reluziam nas águas acumuladas em poças, a lua se escondia, talvez, atrás das casas da colina. Ela cruzava a rua a pensar em como o seu coração frio estava. O amor não a aquecia mais a alma. Sua alma carente, aparentemente como as árvores daquela rua, sem folhas, mas até elas eram aquecidas por luzes amarela, que as incendiavam e arrepiavam. Nem um hálito quente havia a tocado nesses últimos meses. Ela amava um navegador, que mantinha amores a cada lugar em que parava o seu navio. Assim ela pensava. Mas ao cruzar a rua, parou, dois sapatos negros a sua frente, uma mão quente em seu rosto e ao fitar aquele rosto, seu sangue foi aquecido pelo coração em chamas. Ele estava de volta. De volta em seus braços até a embarcação sair do porto novamente.